China defende vacinação emergencial contra Covid-19 e diz ter apoio da OMS


Foto: CARLOS GARCIA RAWLINS / REUTERS

A Comissão Nacional de Saúde da China, equivalente ao Ministério da Saúde brasileiro, afirmou nesta terça-feira (20) que o país ainda está sob “enorme pressão” com os riscos de casos importados da Covid-19 e, por essa razão, tem vacinado centenas de milhares de pessoas com fórmulas experimentais contra o novo coronavírus sob aprovação emergencial. O diretor do Centro de Desenvolvimento para Ciências Médicas da pasta, Zheng Zhongwei, afirma que a medida tem a aprovação da Organização Mundial da Saúde (OMS) e segue deliberações rigorosas de especialistas em imunizações e ética em saúde.

Zhongwei, no entanto, não detalhou quantas pessoas já foram imunizadas na nação asiática. Ao todo, três imunizantes receberam autorização emergencial da comissão: dois produzidos pela China National Biotec Group Co., subsidiária da estatal Sinopharm, e a CoronaVac, desenvolvida pelo laboratório Sinovac Biotech e testada no Brasil em parceria com o Instituto Butantan. Todas ainda estão na fase de testes clínicos para atestar não apenas a eficácia contra o Sars-CoV-2, como também sua segurança.

O uso emergencial, na decisão do governo chinês, se aplica a profissionais da saúde, funcionários que atuam nas fronteiras do país e servidores de companhias estatais. Agora, Pequim avalia estender a imunização para estudantes que deixarão o país por motivos acadêmicos. Em pelo menos duas cidades chinesas, a população pode decidir se imunizar com a CoronaVac.

Zhongwei informou na mesma coletiva de imprensa que os indivíduos que são vacinados no programa de uso emergencial são acompanhadas para monitorar qualquer reaçao adversa, o que ainda não ocorreu.

O novo coronavírus foi identificado pela primeira vez em Wuhan, na província de Hubeii, região central da China. No entanto, o país controlou significativamente a doença com medidas rígidas para interromper a cadeia de transmissão. Oficialmente, as estatisticas indicam 91 mil infectados e pouco mais de 4,7 mil mortes.

Corrida pela vacina

Laboratórios chineses estão no páreo da corrida global por um imunizante capaz de bloquear a infecção pelo Sars-CoV-2. Na coletiva da Comissão Nacional de Saúde, representantes da Sinovac e da Sinopharm, que pretende produzir 1 bilhão de doses de sua vacina em 2021, informaram que nenhum efeito colateral foi identificado em participantes da fase 3 dos ensaios clínicos de suas respectivas fórmulas, um contraponto aos testes da americana Johnson & Johnson, recentemente pausados para investigar uma possível reação de um dos voluntários.

Em setembro, os trabalhos da vacina candidata da Universidade de Oxford (Reino Unido) e da farmacêutica AstraZeneca também foram interrompidos, mas retomados depois que investigações independentes concluíram que o efeito colateral não tinha relação com a fórmula.

As infecções diárias na China têm se mantido abaixo de 100 desde meados de agosto, mas o país asiático continua enfrentando surtos locais. O mais recente ocorreu na cidade portuaria de Qingdao, no Leste. Três outros episódios foram controlados, incluindo um na capital, Pequim, em junho, através de campanhas massivas de testagem da população. Milhões de chineses foram testados em diversas cidades em questão de dias. Máscaras e checagem de temperatura continuam sendo obrigatórias em locais públicos e estrangeiros que chegam ao país precisam se quarentenar por duas semanas.

O Globo

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